04/01/10

A CANÇÃO DO ÓBVIO

Canção do óbvio
Paulo Freire

Escolhi a sombra desta árvore
Para repousar do muito que farei
Enquanto esperarei por ti
Quem espera na pura espera
Vive um tempo de espera vã
Por isto, enquanto te espero
Trabalharei os campos e
Conversarei com os humanos
Suarei meu corpo, que o sol queimará;
Minhas mãos ficarão calejadas
Meus pés aprenderão o mistério dos caminhos
Meus ouvidos ouvirão mais
Meus olhos verão o que antes não viam
Enquanto esperarão por ti
Não te esperarei na pura espera
Porque o meu tempo de espera é um
Tempo de quefazer
desconfiarei daqueles que virão dizer-me,
em voz baixa e precavida:
é perigoso agir
é perigoso falar
é perigoso andar
é perigoso esperar, na forma em que esperas
porque esses recusam a alegria de tua chegada
Desconfiarei também daqueles que virão dizer-me
Com palavras fáceis, que já chegaste,
Porque esses, ao anunciar-te ingenuamente,
Antes te denunciam.
Estarei preparando a tua chegada
Como o jardineiro prepara o jardim
Para a rosa que se abrirá na primavera

10/09/09

REINVENTAR A ENERGIA!!! LIVRO DE INTERESSE


«Reinventar a Energia», de Fred Krupp e Miriam Horn

"As previsões são sombrias e o tempo está a esgotar-se, mas a história não acaba aqui. Neste livro, Fred Krupp, presidente do Fundo de Defesa Ambiental, faz soar um estimulante apelo às armas: nós podemos solucionar o problema do aquecimento global. E, ao fazê-lo, ergueremos as novas indústrias, empregos e fortunas do século XXI.
Nestas páginas, o leitor vai encontrar os inovadores e os investidores que estão a reinventar a energia e as formas como a usamos. Entre eles: um empresário que mantém o seu hotel de gelo ao longo de todo o Verão com a energia de nascentes de água quente; um engenheiro que alimenta algas vorazes com o fumo de chaminés de centrais a carvão e depois transforma-as em combustível; e uma tribo de índios, pescadores durante dois mil anos nas mais agrestes águas do Pacífico, que agora usa a força das ondas como fonte de energia.
Estes empreendedores estão decididos a reconstruir o maior negócio do mundo e a salvar o Planeta – se os líderes políticos do mundo lhes derem oportunidades justas de concorrência.
Editada pela Estrela Polar." (Isabel G)

14/08/09

LIBERDADE... (SEMPRE!)



LIBERDADE

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer !
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não !

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

02/07/09

CHEGOU A HORA... ADEUS



É um adeus...

Não vale a pena sofismar a hora!

É tarde nos meus olhos e nos teus...

Agora,

O remédio é partir discretamente,

Sem palavras,

Sem lágrimas,

Sem gestos.

De que servem lamentos e protestos

Contra o destino?

Cego assassino

A que nenhum poder

Limita a crueldade,

Só o pode vencer a humanidade

Da nossa lucidez desencantada.

Antes da iniquidade

Consumada,

Um poema de líquido pudor,

Um sorriso de amor,

E mais nada.


Miguel Torga

O NOSSO EU..


“Quem é esse espectador silencioso que na agitação e no bulício passa despercebido, mas diante de quem inevitavelmente nos encontramos em tempo de silêncio e de meditação? De quem a “voz” que somos forçados a ouvir, mesmo que procuremos abafá-la em ocasiões de reflexão ou de remorso? Esse espectador silencioso, todos nós o sabemos, é o nosso eu, a nossa verdadeira natureza.”
Beatriz Serpa Branco, in: Folha nº 63, Ramo “Boa-Vontade”, 1998

27/06/09

SER ARTISTA...

Arte e Sensibilidade

1) Toda a arte se baseia na sensibilidade, e essencialmente na sensibilidade.
2) A sensibilidade é pessoal e intransmissível.
3) Para se transmitir a outrem o que sentimos, e é isso que na arte buscamos fazer, temos que decompor a sensação, rejeitando nela o que é puramente pessoal, aproveitando nela o que, sem deixar de ser individual, é todavia susceptível de generalidade, portanto, compreensível, não direi já pela inteligência, mas ao menos pela sensibilidade dos outros.
4) Este trabalho intelectual tem dois tempos: a) a intelectualização directa e instintiva da sensibilidade, pela qual ela se converte em transmissível (é isto que vulgarmente se chama "inspiração", quer dizer, o encontrar por instinto as frases e os ritmos que reduzam a sensação à frase intelectual (prim. versão: tirem da sensação o que não pode ser sensível aos outros e ao mesmo tempo, para compensar, reforçam o que lhes pode ser sensível); b) a reflexão crítica sobre essa intelectualização, que sujeita o produto artístico elaborado pela "inspiração" a um processo inteiramente objectivo — construção, ou ordem lógica, ou simplesmente conceito de escola ou corrente.
5) Não há arte intelectual, a não ser, é claro, a arte de raciocinar. Simplesmente, do trabalho de intelectualização, em cuja operação consiste a obra de arte como coisa, não só pensada, mas feita, resultam dois tipos de artista: a) o inspirado ou espontâneo, em quem o reflexo crítico é fraco ou nulo, o que não quer dizer nada quanto ao valor da obra; b) o reflexivo e crítico, que elabora, por necessidade orgânica, o já elaborado.
Dir-lhe-ei, e estou certo que concordará comigo, que nada há mais raro neste mundo que um artista espontâneo — isto é, um homem que intelectualiza a sua sensibilidade só o bastante para ela ser aceitável pela sensibilidade alheia; que não critica o que faz, que não submete o que faz a um conceito exterior de escola ou de moda, ou de "maneira", não de ser, mas de "dever ser".

Fernando Pessoa, in 'Carta a Miguel Torga, 1930'

21/05/09

GIRA, DANÇA, BAILARINA...


Dança,bailarina,dança...
Põe nos teus passos toda a harmonia
E toda a poesia nas pontas dos pés
Em gestos nobres,faz surgir a fé!!!
Gira,bailarina,gira...
Vai girando e semeando amor,
Mais depressa que as voltas do mundo,
P'ra que haja tempo de matar a dor!
Baila,bailarina,baila...
Traz contigo a primavera
P'ra florir os campos,florescer a Terra,
Nessa explosão de cores que a tua dança encerra.
Faz da arte uma suave prece
P'ra enternecer os corações de pedra
Faz a tua música soar tão alto
Calando assim os estopins da guerra!!!
Mostra ao Homem que o teu bailado
Expressa a vida nesse simples acto...
Onde o amor é tudo,onde o amor é nato.
Que em teus saltos ponhas tua garra
Seguindo sempre a luz de teu clarão,
Quebrando muros para unir os povos
Num universo único,onde se dêem as mãos.
Abre a tua alma, no explendor da dança...
Não desistas nunca e verás, enfim,
Bailar no campo, doce e cálida esperança,
No meio das flores de um lindo jardim...
(Autor desconhecido)
"If you are thinking a year ahead - plant seeds;
If you are thinking 10 years ahead - plant a tree;
If you are thinking 100 years ahead - educate the people
"

(Provérbio Chinês)

"When was the last time anyone you know was thinking a hundred years ahead? When was the last time you saw somebody do something a hundred years in mind?"

Dá que pensar!!!...

18/03/09

MULHER:..

Quando Deus fez a mulher, já estava a trabalhar há seis dias consecutivos.


Apareceu um anjo que lhe perguntou:
"Deus, porque estás a perder tanto tempo com esta criação?"

Ao que Deus respondeu:
"Já viste a minha lista de especificações para este projecto?
Ela tem que ser completamente lavável, mas sem ser de plástico, tem mais de 200 partes móveis, todas substituíveis, e é capaz de sobreviver à base de coca-cola light e restos de comida, tem um colo capaz de segurar em quatro crianças ao mesmo tempo, tem um beijo capaz de curar qualquer coisa desde um arranhão no joelho a um coração ferido e faz isto tudo apenas com duas mãos."

O anjo ficou estupefacto com estas especificações.
"Só duas mãos!? Impossível! E esse é apenas o modelo normal? É muito trabalho só para um dia. É melhor acabares só amanhã."

"Nem pensar", protestou Deus.
"Estou quase a acabar esta criação que me é tão querida. Ela já é capaz de se curar a si própria quando fica doente e consegue trabalhar 18 horas por dia."

O anjo aproximou-se e tocou na mulher.
"Mas fizeste-a tão macia e delicada, meu Deus."

"Sim, mas também pode ser muito resistente. Nem fazes ideia o que ela pode fazer e aguentar."

"E ela vai ser capaz de pensar?" perguntou o anjo.

"Não só é capaz de pensar como é capaz de negociar e convencer."

O anjo então reparou num pormenor e tocou na cara da mulher.
"Ups, parece que tens uma fuga neste modelo. Eu disse-te que estavas a tentar fazer demais numa criatura só."

"Isso não é uma fuga, é uma lágrima", respondeu Deus.

"E para que é que isso serve?", perguntou o anjo.

"A lágrima é o seu modo de exprimir alegria, pena, dor, desilusão, amor, solidão, luto e orgulho", disse Deus.

O anjo estava impressionado
"És um génio, Deus. Pensaste em tudo."

E de facto as mulheres são verdadeiramente espantosas.
Têm capacidades que surpreendem os homens. Carregam fardos e dificuldades, mas mantendo um clima de felicidade, amor e alegria. Sorriem quando querem gritar.
Cantam quando querem chorar.
Choram quando estão felizes e riem quando estão nervosas.
Lutam por aquilo em que acreditam e não aguentam injustiças.
Não aceitam um 'não' quando acreditam que existe uma solução melhor.
Prescindem de tudo para dar à família.
Vão com um amigo assustado ao médico.
Amam incondicionalmente.
Choram quando os seus filhos são os melhores e aplaudem quando um amigo ganha um prémio.
Ficam radiantes quando nasce um bebé ou quando alguém se casa.
Ficam devastadas com a morte de alguém querido, mas mantêm a força além de todos os limites.
Sabem que um abraço e um beijo pode curar qualquer desgosto.
Existem mulheres de todos os formatos, tamanhos e cores.
Elas conduzem, voam, andam e correm ou mandam e-mails só para mostrar que se preocupam contigo.
O coração de uma mulher mantém este mundo a andar.
Elas trazem alegria, esperança e amor.
Dão apoio moral à sua família e amigos.
As mulheres têm coisas vitais a dizer e tudo para dar.

NO ENTANTO, EXISTE UM DEFEITO NAS MULHERES...

É QUE ELAS SE ESQUECEM CONSTANTEMENTE DO SEU VALOR!

Autor desconhecido

13/03/09

SER FELIZ...


Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...

(Fernando Pessoa)

28/02/09

DÁ UM POUCO...


Dá um pouco da tua atenção...
Dá um pouco da tua amizade...
Dá um pouco do teu aconchego...
Dá um pouco do teu calor...
Dá um pouco do teu afecto...
Dá um pouco do teu amor...
Dá um pouco da tua afeição...
Dá um pouco do teu carinho...
Dá um pouco do teu calor...
Dá um pouco da tua luz...
Dá um pouco do teu tempo...
Dá um pouco da tua confiança...
Dá um pouco do teu espaço...
Dá um pouco do teu brilho...
Dá um pouco do teu sorriso...
Dá um pouco da tua alegria...
Dá um pouco da tua lealdade...
Dá um pouco da tua alma...
Dá um pouco do teu pensamento...
Dá um pouco do teu olhar...
Dá um pouco da tua compaixão...
Dá um pouco da tua simpatia...
Dá um pouco da tua gratidão...
Dá um pouco da tua sinceridade...
Dá um pouco da tua magnitude...
Dá um pouco do teu alento...
Dá um pouco da tua ternura...
Dá um pouco da tua tolerância...
Dá um pouco do teu fulgor...
Dá um pouco da tua paciência...
Dá um pouco da tua compreensão...

Dá um pouco de ti...
...Por um mundo mais sensível...
...Por um mundo mais justo...
...Por um mundo MELHOR!

(Flávia Cunha)

ALL OVER AGAIN...

16/02/09

CHOCOLATE QUENTE...


Um grupo de jovens licenciados, todos bem sucedidos, decidiu fazer uma visita a um velho professor, agora reformado.
Durante a visita, a conversa dos jovens alongou-se em lamentos sobre o imenso stress que tinha tomado conta das suas vidas e do seu trabalho.
O professor não fez nenhum comentário e perguntou se eles queriam tomar uma chávena de chocolate quente.
Todos se mostraram interessados e o professor foi para a cozinha.
Voltou minutos depois com uma grande chaleira e uma grande quantidade de chávenas, todas diferentes – de fina porcelana e de rústico barro, de simples vidro e de cristal, umas com aspecto vulgar e outras caríssimas.
Apenas disse aos jovens para se servirem à vontade.
Quando já todos tinham uma chávena de chocolate quente na mão, disse-lhes:
– Reparem como todos procuraram escolher as chávenas mais bonitas e dispendiosas, deixando ficar as mais vulgares e baratas....
Embora seja normal que cada um pretenda para si o melhor, é isso a origem dos vossos problemas e stress.
A chávena por onde estais a beber não acrescenta nada à qualidade do chocolate quente.
Na maioria dos casos é apenas uma chávena mais requintada e algumas nem deixam ver o que estais a beber.
O que vós realmente queríeis era o chocolate quente, não a chávena; mas fostes conscientemente para as chávenas melhores...
Enquanto todos confirmavam, mais ou menos embaraçados, a observação do professor, este continuou:
– Considerai agora o seguinte: a vida é o chocolate quente; o dinheiro e a posição social são as chávenas.
Estas são apenas meios de conter e servir a vida.
A chávena que cada um possui não define nem altera a qualidade da vossa vida.
Por vezes, ao concentrarmo-nos apenas na chávena acabamos por nem apreciar o chocolate quente que Deus nos ofereceu.
As pessoas mais felizes nem sempre têm o melhor de tudo, apenas sabem aproveitar ao máximo tudo o que têm.
Vivei com simplicidade.
Amai generosamente.
Ajudai-vos uns aos outros com empenho.
Falai com gentileza…
… e apreciai o vosso chocolate quente.
(Autor desconhecido)

10/02/09

SE TU VIESSES...



Se tu viesses ver-me…

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesse toda nos teus braços…

Quando me lembra: esse sabor que tinha,
A tua boca…e o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte…os teus abraços…
Os teus beijos…a tua mão na minha…

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca…
Quando os olhos se me cerram de desejo…
E os meus braços se estendem para ti…

(Florbela Espanca)



Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!

Amar só por amar: Aqui... além...

Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…

Amar! Amar! E não amar ninguém!


Recordar? Esquecer? Indiferente!...

Prender ou desprender? É mal? É bem?

Quem disser que se pode amar alguém

Durante a vida inteira é porque mente!


Há uma Primavera em cada vida:

É preciso cantá-la assim florida,

Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!


E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada

Que seja a minha noite uma alvorada,

Que me saiba perder... pra me encontrar...


(Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in «Poesia Completa»)

O QUE HÁ EM MIM...

O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos
(Fernando Pessoa)


"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, Não há nada mais simples. Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus."

Fonte: Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; Escrito entre 1913-15; Publicado em Atena nº 5, Fevereiro de 1925

15/01/09

PARA MEDITAR...

ATREVA-SE A LER, OUSE REFLECTIR…

Eduardo Prado Coelho, antes de falecer, teve a lucidez de nos deixar esta reflexão, sobre nós todos.

Precisa-se de matéria-prima para construir um País
Eduardo Prado Coelho - in "Público"

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve.
O que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.
Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo.
Nós como matéria-prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ...e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país:
- Onde a falta de pontualidade é um hábito;
- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
- Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
- Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.
Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste.
Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.
Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:
Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, tolerantes com o fracasso.
É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME LHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.
E você, o que pensa?.... MEDITE!

EDUARDO PRADO COELHO - in "Público"

SER MÃE...

12/01/09

APAIXONE-SE...


Apaixone-se definitivamente pelos seus sonhos – ninguém deve ser mais apaixonando do que você pelos seus sonhos.
Apaixone-se pelo seu talento – mesmo que seu senso crítico insista para você optar por realizar outras coisas, mais "convenientes".
Apaixone-se mais pela viagem do que pela chegada ao seu destino – a primeira é garantida...
Apaixone-se pelo seu corpo - mesmo que ele esteja fora de forma, pois de "qualquer forma" ele é a única casa que você possui.
Apaixone-se pelas suas memórias mais deliciosas - ninguém pode tirá-las de dentro de você e elas são excelentes fontes de inspiração em momentos de dor.
Apaixone-se por aquelas loucuras saudáveis que passam pela sua mente entre um e outro momento de stress - elas ajudam a sobreviver.
Apaixone-se pelo sol - ele é fiel, gratuito, absolutamente disponível e dá prazer quando aquece.
Apaixone-se por alguém - não espere que alguém se apaixone antes por você, só por garantia e segurança.
Apaixone-se pelo seu projecto de vida - também pode dar certo fazer isto a dois.
Apaixone-se pela dança da vida que está sempre em movimento dentro de nós, mas que, por defesa, teimamos em algemar.
Apaixone-se mais pelo significado das coisas que você conquistar do que pelo seu valor material.
Apaixone-se por suas ideias - mesmo que tenham dito que elas não serviam para nada.
Apaixone-se por seus pontos fortes - mesmo que os pontos fracos insistam em ficar em "alto relevo" no seu cérebro.
Apaixone-se pela ideia de ser verdadeiramente feliz - a felicidade encontra-se algures nas infinitas prateleiras dos seus mais secretos recursos interiores e subconscientes.
Apaixone-se pela música que você pode ser para alguém...
Apaixone-se pelos seus amigos!
Apaixone-se pela sua família! Apaixone-se ainda mais por Deus!
Apaixone-se rápido! O poder de decisão só a si pertence!

Desapaixone-se dos seus medos... eles minam a sua alegria de viver.

Seja FELIZ!!!


Autor desconhecido

11/01/09

A VIDA


A Vida é uma oportunidade, aproveita-a…
A Vida é beleza, admira-a…
A Vida é felicidade, saboreia-a…
A Vida é um sonho, torna-o realidade…
A Vida é um desafio, enfrenta-o…
A Vida é um dever, cumpre-o…
A Vida é um jogo, joga-o…
A Vida é preciosa, cuida dela…
A Vida é uma riqueza, conserva-a…
A Vida é amor, goza-o…
A Vida é um mistério, descobre-o…
A Vida é promessa, cumpre-a…
A Vida é tristeza, supera-a…
A Vida é um hino, canta-o…
A Vida é uma luta, aceita-a…
A Vida é aventura, arrisca-a …
A Vida é alegria, merece-a…
A Vida é vida defende-a…

Madre Teresa de Calcutá

01/01/09

26/10/08

ALENTEJO

Alentejo dos loiros trigais
Onde os ceifeiros cantam madrigais.
Alentejo, planura sem fim
Que, cabes todo, dentro de mim!

Mais do que a neve da serra,
Mais do que a espuma do mar,
O Alentejo é brancura
Á luz branca do luar.
Solidão do Alentejo!
Fontes, cruzeiros e alminhas
Cantam ralos e cigarras
No silêncio das tardinhas.

O pastor do Alentejo
Encostado ao seu cajado
Vai namorando a campina
Que é a mesa do seu gado.
Olhos vagos e profundos
Num sonho, distante, imersos,
Há neles mais poesia
Do que num livro de versos!

Alentejo das debulhas,
Das ceifeiras e dos montados,
Dos ranchos de mondadeiras
Fieis aos seus namorados.
E do cavador tisnado
P'lo sol quente do meio-dia,
Rude, franco e altivo,
Fiel á sua Maria.

Alentejo dos sobreiros,
Azinheiras e olivais
Alentejo, minha terra,
Eu quero-te sempre, mais!
Alentejo das searas
Em Abril a ondular!
E das chaminés, branquinhas
Ao sol-posto a fumegar.

Dos tarrinhos de cortiça,
Das samarras e safões,
Dos pastores e dos morais,
Dos manajeiros e dos ganhões,
Símbolos deste Alentejo
Que eu, p'ra bem poder cantar,
Hei-de beijar a planície
De joelhos, a rezar.

Autor: Maria Águeda Lopes Roseiro

13/10/08

TEMPOS QUE CORREM...

Já dizia Guerra Junqueiro a propósito do povo português:

" Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas ..."

Guerra Junqueiro, 1886