02/07/09

CHEGOU A HORA... ADEUS



É um adeus...

Não vale a pena sofismar a hora!

É tarde nos meus olhos e nos teus...

Agora,

O remédio é partir discretamente,

Sem palavras,

Sem lágrimas,

Sem gestos.

De que servem lamentos e protestos

Contra o destino?

Cego assassino

A que nenhum poder

Limita a crueldade,

Só o pode vencer a humanidade

Da nossa lucidez desencantada.

Antes da iniquidade

Consumada,

Um poema de líquido pudor,

Um sorriso de amor,

E mais nada.


Miguel Torga

O NOSSO EU..


“Quem é esse espectador silencioso que na agitação e no bulício passa despercebido, mas diante de quem inevitavelmente nos encontramos em tempo de silêncio e de meditação? De quem a “voz” que somos forçados a ouvir, mesmo que procuremos abafá-la em ocasiões de reflexão ou de remorso? Esse espectador silencioso, todos nós o sabemos, é o nosso eu, a nossa verdadeira natureza.”
Beatriz Serpa Branco, in: Folha nº 63, Ramo “Boa-Vontade”, 1998